vendredi 26 juin 2009

Entrega-te à tua fraqueza. Sê fiel a ela. Sê conformista com o que lhe foi dado.
Sê inteiro em tua fraqueza, e não ouse almejar o pingo de força.
Não ouse ser forte. Não tente ser forte. A força não existe. Não dentro de você.
A fraqueza ensina mais que a força, portanto alia-se a ela. Entrega-te a ela.
Sê fiel. Sê fiel consigo.
Sê fiel à essência que exala a cada pensamento.
Vou começar uma revolução. Contra mim mesma, e a favor da minha pessoa. Isso ao mesmo tempo, um tanto contraditório. Mas minha pior inimiga sou eu mesma. Eu sou uma parte minha que desconheço. Pior: às vezes me engano pensando que conheço. E isso me ilude. Sou uma incógnita que só faz se esconder e se reduzir com o cair do tempo, com o escorrer da vida. E às vezes o meu tom sério é pura ironia. E às vezes eu, inteira, sou ironia. Sou engano: não sou. Sou tudo; não sou nada. Não sou tudo, sou nada. Pra ser sincera, isso de não saber quem eu sou nunca me agoniou como agora. E eu não sei exatamente o porquê, mas preciso me decifrar. E enquanto não conseguir isso, corro o grave risco de sucumbir à procura de uma infinita busca que eu desconheço o final. Não sei ao menos se há final... Não sei ao menos se há resposta.
Não sei do que sou capaz.
Quanto mais me conheço e me descubro, mais sinto e vejo que eu sou tão extensa quanto um oceano. Quanto mais me enxergo, mais o horizonte se expande. Quanto mais entro em mim mesma para me explorar, mais possibilidades surgem e mais ampla me sinto. Creio que sou um ser infinito. Infinito de idéias, prazeres, sentimentos, descobrimentos, instantes. E principalmente o que me torna infinita é a insaciável sede de definir o indefinível, descrever o indescritível e traduzir o que até então foi mantido segredo.
É que tudo sentido é magia. E a minha prioridade aqui é decifra-la descrevendo-a.
Mas sempre tendo plena consciência de que, para escrever, antes é preciso haver o gozo, o prazer, a vontade realizada – ou não. Talvez.
"...quando você não tem o amor, ainda tem as estradas."

vendredi 19 juin 2009

Quando eu percebo que meus devaneios interceptaram minha única forma saudável encontrada para levar a vida da maneira menos drástica possível, eu realmente não sei mais o que fazer.
As vezes sinto que minhas crenças são de um valor equivalente ao lixo – minto: o lixo é ao menos reciclável... – tudo que eu creio conhecer através da minha própria percepção de mundo – ah, adquiri finalmente a minha própria concepção, algo de fato só meu – transgrediu, evaporou, se liquefez e escapou fúnebre pelo ralo da mais profunda dor.
Peço que a tristeza me possua de uma só vez ao invés de me submeter aos surtos repentinos e nada maleáveis que me atravessam de modo semelhante ao que uma faca adentra um coração. A única diferença é que não sinto o impacto no coração, e sim na alma, o que é obviamente pior e mais angustiante...Porque não se tem dor suficiente para morrer; é apenas uma dor insuportável com a qual o convívio é inevitável, e sem prazo para terminar, o que me faz acreditar no infinito – maneira mais infeliz (e descrente) de crer no infinito...


“Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.”

vendredi 12 juin 2009

And all the roads we have to walk are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would like to say to you
But I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall

mardi 2 juin 2009

Quanto mais vivo mais me aproximo da morte. Quanto mais sinto mais me aproximo da vida. Quanto mais me pergunto mais respostas incompreensíveis eu encontro.
Quanto mais respostas encontro mais eu me pergunto. Quanto mais eu sofro mais eu me esgoto. Quanto mais eu me entrego ao meu pranto mais escorre meus resquícios de vitalidade. E o mais incrível de tudo: quanto mais eu tento me adaptar ao meu meio, minha rotina e as pessoas, mais me vejo longe do que quero ser, do que preciso ser. Deve ter alguma coisa errada. As coisas não se encaixam mais como antes. Há milhares de peças misturadas na minha cabeça, como um quebra-cabeça infinito, e elas estão todas fora do lugar, encaixadas temporariamente, até no futuro em que eu cometer mais enganos e posiciona-las todas erradas de novo, com a sensação enganosa de que tudo deu certo. Mas nunca dá certo. Até hoje não deu certo, e as tentativas não foram poucas. A cada tentativa eu perco uma parcela significativa da vontade de viver e continuar.
Minha vida é marcada por desníveis, devaneios, inconstâncias.
Porque é sempre tão difícil agüentar tudo? Porque é sempre tão difícil me suportar?
As correntes que me sufocam estão a cada dia mais rígidas.
As certezas que me socorrem estão cada vez mais nubladas.
As sombras que me incomodam estão cada vez mais próximas.
As coisas que me matam estão a cada segundo mais latejantes...
Os receios limitantes estão a cada pensamento mais influentes...
Os meus medos estão a cada respirar mais sádicos...
O meu eu a cada fração de sentimento nesse mundo hipócrita perde um pedaço de si.



Nada que eu falo precisa fazer sentido. Nada que eu faço precisa fazer sentido.
Porque a vida em si já não faz o menor sentido.
A vida é insuportável, intragável e eu desaprendi a digeri-la.
Quero ser quem eu até agora não fui capaz de ser
Quero traduzir minha essência simplesmente sendo
Quero transbordar meu pranto
Não em lágrimas, mas em espetáculos
Estonteantes.

Quero aprender outra língua
Para me expressar de todas as formas possíveis
E impossíveis.
Quero me desfazer do meu juízo
E repensar seu valor
E com isso recria-lo
Mas molda-lo no meu tempo atual.

Pela primeira vez
Preciso largar algumas metas
No meio do caminho
Para não esquecer de viver
E para lembrar do curto prazo
Que tenho para vencer definitivamente
Meus anseios.

Que eu sou
Que eu era
Que eu serei
Minha alma me abandonou
Em uma dimensão de esfera
Tácita, implícita, escondida dentro de si
E assim morrerei.
Morrerei plena do desgosto de viver.