jeudi 26 août 2010

talvez por ser livre, não saiba sê-lo.
talvez por ter tudo, não saiba usufruí-lo.
talvez por possuir tudo que deseja, não o possua [não saiba].

talvez o ontem cause crises existenciais
e o amanhã um futuro demasiadamente incerto [como nunca foi antes]
o hoje trata-se de um intermediário que encarrega-se de não fazer do pretérito e do futuro um inferno.

ainda custa caro mergulhar nas manhãs viradas, nas madrugadas acesas, nas loucuras alcoólicas, nas dores sangrentas, nos amores fracassados, no não-vivido, no vivido de modo [in]satisfatório, nas insanidades tão inspiradoras e enérgicas que me possuíam? o perigo é não possuí-los.

jeudi 5 août 2010

quero coisas inimagináveis, momentos inexistentes, beijos impossíveis, sensações extintas...
quero sempre aquilo que não existe - decepção constante a minha.
só sei que nunca mais vou ser a mesma, nem as decepções. tudo varia violentamente.
a vida em si é violenta, corrói, massacra - ou não (eu que a faço de tal forma). mas serve pra aprender. se não tivesse feito metade das besteiras, cometido boa parte dos excessos, tido indigestão com alguns exageros [sentimentais], o que me moveria à evolução?
todas as dores de ontem servem pra hoje eu pelo menos ter alguma noção do que eu não sou, porque sobre o que eu sou ainda falta muita coisa pra entender. e se entender, e quando entender, eu já posso morrer em paz [não vai mais haver sentido em nada que eu faça].
não sei do que sou capaz, não prevejo minhas ações, não encontro racionalidade em muitas atitudes, e também desconheço as razões características dos sentimentos. desconheço a mim e pela primeira vez isso não me causa repulsa: é fascinante - e perigoso, mas sem os riscos, o que resta?