mardi 22 février 2011

acontece que, renunciando a você, eu renuncio a mim.
acontece que, desistindo de nós, eu desisto de tudo.
acontece que, eu queria não ter te amado, não ter me envolvido, não ter te conhecido.
- não pra evitar o meu sofrimento, mas pra não sentir essa culpa de uma tonelada
de ter te gerado um sorfimento sem tamanho.
acontece que eu te amo e não sei mais o que fazer com esse amor (não dá pra esconder no
closet, ou embaixo do tapete. não dá pra fingir que não existe. não dá pra esquecer.
não dá pra jogar fora. não dá pra desconsiderar. não dá pra reciclar e gerar outro
sentimento. não dá pra expulsar de dentro de mim,
porque assim, eu morreria junto. - o amor que eu tenho por você não só é inerente a minha
alma, como também ao meu coração.)
e agora? o que fazer? como proceder?
estou perdida: sem você não tenho nada, não quero vir a ser nada, preguiça de viver, de continuar.


que dor é essa que eu nunca senti antes? e que consome cada poro da minha pele, cada partícula do meu corpo, cada vertente da minha alma, cada gota do meu sangue, cada piscar de pensamento? só sei que dói. e muito. talvez mais do que eu possa suportar.

lundi 21 février 2011

O fazer poético passa pelo corpo e pela cama. "A poesia se faz na cama como o amor..." Isto para começar a conversa. A palavra registrada em livro é mera extensão (sublimada) do que sobrou da Orgia. Todos nós somos labaredas provocadas pelo curto-circuito do Desejo. O resto é balacobaco, isto é, literatura. Dante é pra ser relido numa sauna rodeado de adolescentes. Não num escritório-abrigo-anti-atômico. O vampirismo descobriu o desbunde, o marxismo e a linguagem caricata. Henri Michaux já deu o recado: conhecimento através dos abismos. Inferno, Purgatório e Paraíso são uma coisa só. Mastigue cogumelos e Veja. Nenhuma regra: Ver com os olhos livres. Assim o curumim aprendeu o gosto de todos os espíritos. O assassinato também pode ser a ordem do dia. A blasfêmia e o roubo. Veja o episódio de Vanni Fucci no Inferno de Dante. Gíria da pesada de malandro medieval. Mimetismo. Para uma literatura da crueldade. Como diz Edoardo Sanguinetti, "O Surrealismo é o fantasma que, com toda justiça, persegue as vanguardas e lhes nega um sono tranqüilo". Com a costela do Kapitalismo foi criada a Panacéia Socialista. O Forró Nuclear é a medida da Riqueza das Nações. As soluções em Poesia são individuais e não coletivas. Eu estou com Gilberto Vasconcelos: depois que joguei a obra completa de Marx pela janela, comecei a entender o Brasil. Fora isto o seguinte: Poesia é uma forma de conhecimento que vê através de objetos opacos como uma viagem de LSD e estados mediúnicos de levitação, Xamanismo, linguagem da Sibila de Cumas e cantos de caça de povos "primitivos", poesia é uma atividade lúdica em que está empenhada sua vida, sua morte, a dor, a felicidade, e principalmente o jogo. O jogo gratuito de todas as coisas. Por acaso, eis a origem de todas as coisas, diz Nietzsche. Não devemos excluir autoritariamente como censor barato nem os que se dizem marginais e não são e nem os que pensam que são marginais e são escriturários. Os Hitlers e Castros da vida já fizeram isso com muito mais eficiência. A Poesia é a mais fascinante orgia ao alcance do homem. E como diz Hegel, "A Orgia báquica da história será vivida por cada um dos seus membros".



Roberto Piva


mardi 28 décembre 2010

[in]felicidade irônica prolongada

e agora?
tudo que eu sempre quis (desesperadamente) está em minhas mãos - o que eu faço com isso? eu ainda quero tudo isso? o pior não é a dor da urgência e o desejo pelo inalcançável, mas sim a ausência de metas, objetivos, certezas - e isso nunca me faltou. era feliz e não sabia.

"eu tive tudo sem saber quem era eu"

jeudi 14 octobre 2010

a gente se afoga, se estupra, se violenta, se cega, se define, se rotula, se ilude, se sufoca, se ama, se odeia, se teme, se maltrata, se esconde - ser humano implica necessariamente em sentir dor [inevitavelmente].

samedi 2 octobre 2010

27/06/10

Preciso reaprender a pôr pra fora escrevendo, porque meu choro já não me sustenta mais, não me satisfaz, não me acolhe como antes, nem os gritos, inquietações, angústias...O que fazer? No que pensar? A que recorrer? É quase um dogma essas perguntas que caminham o tempo todo do meu lado, e as respostas adaptam-se às circunstâncias, e eu sempre demorando para entendê-las e aceitá-las.


"Quando você ficar triste que seja por um dia, e não o ano inteiro"


mercredi 29 septembre 2010

quando o tempo vaporiza-se assim como a vida, onde estão os sonhos?

jeudi 26 août 2010

talvez por ser livre, não saiba sê-lo.
talvez por ter tudo, não saiba usufruí-lo.
talvez por possuir tudo que deseja, não o possua [não saiba].

talvez o ontem cause crises existenciais
e o amanhã um futuro demasiadamente incerto [como nunca foi antes]
o hoje trata-se de um intermediário que encarrega-se de não fazer do pretérito e do futuro um inferno.

ainda custa caro mergulhar nas manhãs viradas, nas madrugadas acesas, nas loucuras alcoólicas, nas dores sangrentas, nos amores fracassados, no não-vivido, no vivido de modo [in]satisfatório, nas insanidades tão inspiradoras e enérgicas que me possuíam? o perigo é não possuí-los.

jeudi 5 août 2010

quero coisas inimagináveis, momentos inexistentes, beijos impossíveis, sensações extintas...
quero sempre aquilo que não existe - decepção constante a minha.
só sei que nunca mais vou ser a mesma, nem as decepções. tudo varia violentamente.
a vida em si é violenta, corrói, massacra - ou não (eu que a faço de tal forma). mas serve pra aprender. se não tivesse feito metade das besteiras, cometido boa parte dos excessos, tido indigestão com alguns exageros [sentimentais], o que me moveria à evolução?
todas as dores de ontem servem pra hoje eu pelo menos ter alguma noção do que eu não sou, porque sobre o que eu sou ainda falta muita coisa pra entender. e se entender, e quando entender, eu já posso morrer em paz [não vai mais haver sentido em nada que eu faça].
não sei do que sou capaz, não prevejo minhas ações, não encontro racionalidade em muitas atitudes, e também desconheço as razões características dos sentimentos. desconheço a mim e pela primeira vez isso não me causa repulsa: é fascinante - e perigoso, mas sem os riscos, o que resta?

mercredi 7 juillet 2010

"O verdadeiro lugar do nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos."

dimanche 20 juin 2010

tanta coisa pra dizer, tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra agir.
tanto pra pensar, repensar, despensar...mas cadê? - tanta ausência em mim.
tanta preguiça de continuar. tanta preguiça de viver. tanta dor pra doer. tanto pensamento solto. tanta idéia fugitiva. tanta vontade incompreendida.
ai, quanto sofrimento escoando...
melhor deixar o 'viver' pra depois, ainda tô no processo de aprender a conjugá-lo, depois cuido de exercê-lo [e o mais difícil é começar: o "eu" é o motivo de toda insatisfação e pranto, o "eu" é problemático - enquanto as outras pessoas do singular são simples, e nas do plural não sinto-me tão só].