dimanche 13 avril 2008

A angústia sufoca
Depois de tanto inspirar o ar com partículas suicidas
Depois de tanto presenciar e aturar abstrações e concretizações
É muito difícil se manter convicta de algo
É muito difícil conseguir sobreviver da forma que me é confortante
Da forma que me deixe satisfeita nem que seja por um momento
Isso é cada vez mais escasso
Cada vez mais facilmente levado com um leve vento

Sou necessitada de alguma certeza
Algum porto-seguro, alguma clareza
Sou necessitada das pessoas ao redor
E o quanto isso me dói
As vezes nem eu posso imaginar
O que acontece comigo quando eu começo a relembrar
As frações de tempo com que tudo aconteceu
O que me faz estar ainda aqui
O que me faz ainda ser capaz de sentir
Minha alma ainda não faleceu eu nem sei por quê
Eu não preciso de ninguém, eu não preciso de rimas nem de materialidades.

Eu só preciso da minha mente limpa
Pra poder enxergar tudo sem limitações
Sem pontos escuros até então desconhecidos
Sem lugares inacessíveis
Eu preciso ser capaz disso
Eu, sozinha, comigo mesma
Eu preciso colocar as cartas na minha mesa
Para ver a minha próxima jogada
Para pensar na próxima blefada

Eu preciso de muitas doses seguidas de mim mesma
Mas como posso fazer se tudo tende a repetir?
Se tudo é uma repetição sem fim
Se não tem nada inédito que aconteça ao meu redor
Se tudo eu já vi, senti, e experimentei
Se a minha sina é me sentir só
Se tudo faz questão de se manter igual
Se o que me é exposto e liberado eu já fui e voltei tantas vezes
Se só me mostraram o bem e o mal
Se eu já sei viver de cor
Se eu já decorei as regras, se eu as obedeço
Qual o meu papel ?
Não me sinto mais obrigada a nada
A pena se cumpriu
Agora eu faço questão de abolir
O que já me corroeu muito por dentro
O que nem um furacão é capaz de carregar

Quanto mais eu choro por isso
Eu cometo um crime contra mim mesma desperdiçando lágrimas de tal maneira que eu as pratico
As minhas lágrimas são mais expressivas do que o meu coração
A lágrima é a chave que vai me libertar dessa prisão
Ou me prender cada vez mais
Até que ponto eu posso ir?
Até onde será possível suportar?
As lágrimas um dia se esgotam?
Acho que nunca, se forem sendo alimentadas
E isso elas são
Alimentadas por tanta coisa banal e sem importância
Mas quanto mais eu penso nisso, que não vale a pena
Isso eu não sei porque faz elas caírem mais, e se torna algo inevitável
Eu não controlo mais as minhas lágrimas
Nem isso eu sou capaz de controlar mais

O que eu ainda posso fazer ?
O que ainda me é permitido?
Se tudo me pára, um dia eu desisto, ou não
O futuro é excessivamente imprevisível para tentar ser previsto
E isso angustia, faz a mente aos poucos morrer
E quanto as esperanças, elas um dia perecem, não tem jeito
Meu leito de morte já está certo
Já está convicto dele mesmo
Não temo mais isso
Não tenho condições nem de ter medo agora
Estou mantida imune do medo
Depois de tantos tipos de estrupos
Já estou demasiadamente arrombada emocionalmente
Já estou indiferente a gestos de carinho
Já estou aposentada da dor da solidão
A solidão permanece, mas a dor que esta já me causou não
Um dia eu já sofri, um dia eu já
chorei
Hoje eu lembro, relembro
E penso que tudo que tornei teoria nunca pratiquei.

Aucun commentaire: