samedi 29 novembre 2008

junta tudo que você já viveu
num liquidificador: mistura de angústia, felicidade, gozo e ardor
bebe tudo de uma só vez
acrescentando doses exageradas de insensatez

junta tudo o que você já sonhou
e começa a realizar.
pois tudo que de você já se libertou
de você também tende a se ausentar.

acrescenta no seu suco de vida
aos goles suicidas
aquilo tudo que o mundo já gerou
medos, receios, arrogância.
e ao mesmo tempo aquilo tudo que até hoje alcançou
esquece. retorna à infância, e trata de envelhecer na hora devida.
vê se envelhece na hora que convém.
porque adquirir rugas e desgosto pela vida
nem sempre compensa
comparado a adquirir experiência e amadurecimento

nem sempre vale a pena
perder o gozo de se decepcionar
porque o amanhã serve apenaspara fazer a vontade retornar
e o feito de ontem
hoje ser feito diferente
e a aprendizagem não cansa de apresentar a plenitude a essa gente.

se as descobertas são infinitas
até onde vai o gozo dessa vida?

se os prazeres são eternos
ainda vale questionar o sentido de viver?
os prazeres são dignos apenas da carne adquirida no ato de sobreviver.

e o coração, mais puro eterno
vai além do suco de vivência
vai além de páginas preenchidas loucamente em milhares de cadernos
o coração possui sua própria essência
nesse manto que nos cobre
de tamanha solidão.
nesse mundo que nos decepa em meio a tanta aversão.

talvez eu ainda tenha infinitudes de palavas a profanar
talvez o que me reste é a certeza que todos são capazes de reconhecer
talvez eu consiga perpetuar essa minha forma de pensamento particular
o que se leva dessa vida, eu não sei.
mas certo e convicto é o inevitável ato de morrer.
o coração clama por descanso de sofrer.
a alma implora para exalar as dores
as dores que o corpo suga, inala, inspira.
as dores que não se suportam.
as dores que não se envolvem mais entre si.
se guardam para a mente, tendo o único objetivo
de emudecer toda essa gente.

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