Vou começar uma revolução. Contra mim mesma, e a favor da minha pessoa. Isso ao mesmo tempo, um tanto contraditório. Mas minha pior inimiga sou eu mesma. Eu sou uma parte minha que desconheço. Pior: às vezes me engano pensando que conheço. E isso me ilude. Sou uma incógnita que só faz se esconder e se reduzir com o cair do tempo, com o escorrer da vida. E às vezes o meu tom sério é pura ironia. E às vezes eu, inteira, sou ironia. Sou engano: não sou. Sou tudo; não sou nada. Não sou tudo, sou nada. Pra ser sincera, isso de não saber quem eu sou nunca me agoniou como agora. E eu não sei exatamente o porquê, mas preciso me decifrar. E enquanto não conseguir isso, corro o grave risco de sucumbir à procura de uma infinita busca que eu desconheço o final. Não sei ao menos se há final... Não sei ao menos se há resposta.
Não sei do que sou capaz.
Quanto mais me conheço e me descubro, mais sinto e vejo que eu sou tão extensa quanto um oceano. Quanto mais me enxergo, mais o horizonte se expande. Quanto mais entro em mim mesma para me explorar, mais possibilidades surgem e mais ampla me sinto. Creio que sou um ser infinito. Infinito de idéias, prazeres, sentimentos, descobrimentos, instantes. E principalmente o que me torna infinita é a insaciável sede de definir o indefinível, descrever o indescritível e traduzir o que até então foi mantido segredo.
É que tudo sentido é magia. E a minha prioridade aqui é decifra-la descrevendo-a.
Mas sempre tendo plena consciência de que, para escrever, antes é preciso haver o gozo, o prazer, a vontade realizada – ou não. Talvez.
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