vendredi 30 septembre 2011

Será possível que só com aquelas músicas nostálgicas eu consigo escrever? Será que meu único vínculo com o passado que me impulsona a voltar a ser quem eu era são só músicas que se perderam no tempo? Será que tudo que eu fui, eu já perdi de vista?

O presente me mantém nele de uma forma doentia, me prendendo e me fazendo escrava de atitudes infantis e imaturas e irresponsáveis. Não era pra ser assim. Não pode estar sendo assim. Esse peso eu nunca senti antes, e não digo que é o mais denso...mas talvez o mais impregnado de ramificações venenosas.

Necessidade de escrever é pouco: hoje eu sinto que o que me move transcende qualquer natureza que caracteriza uma simples necessidade.

O fato é que há um tempo eu venho me deteriorando com tudo isso que eu ando sendo por aí. E eu sinceramente não sei mais o que fazer pra quebrar esse fluxo, esse vício, esse destino.

Talvez meu eu atual seja inerente a tudo isso e só me caiba aceitar. Mentira. Não pode ser assim. Não posso lançar uma definição simplista e me acomodar nela por pura incompetência compreensiva acerca do que vem acontecendo comigo.

Costumo possuir um múltiplo de interpretações sobre casos particulares, mas sobre mim não encontro ao menos uma que se sustente por mais de determinado tempo (e esse tempo sempre me é tão curto a ponto de me despedaçar e neutralizar minhas bases - que eu julgava sólidas e que me causaram dor ao longo da sua construção).

Creio ser esta a crise de identidade mais perigosa de todas, porque pela primeira vez eu perdi muitas partes minhas – senão todas. A ontologia do meu pensamento diverge daquela da minha ação, que, por sua vez, se contradiz com as palavras que saem da minha boca.

Tudo que eu sempre quis está nas minhas mãos (não só mãos, como o corpo inteiro) e, ao invés de agarrar com unhas e dentes, eu me encontro cada vez mais longe disso, como se eu vivesse uma fuga permanente de tudo aquilo que um dia sonhei ser e que só cabe a mim materializar.

Chega de cansar, chega de fugir, chega de adiar, chega de me negar. Um pouco de ascetismo não faz mal a ninguém, pelo contrário: eu vou usar exatamente isso pra retomar minha sintonia com o eixo ideal.

E hei de me encontrar, nem que seja a minha última conquista não desfrutada por mim - conquistas dessa tipologia parece que já se tornaram rotina. Nem que sinta o gozo de tal realização por milésimos de segundos: no meu mundo, será o tempo suficiente para enfim entrar em contato direto comigo mesma (e a conseqüência disso será meu maior divisor de águas: ou me arranca a dor e me faz viver, exterminando minha potencialidade humana reprimida, ou me condena ao caos eterno e me mata num desses meus surtos que consomem até o último poro do meu corpo e a última gota de sangue que me faz errante).

Insisto em crer que a estagnação é exatamente o oposto de tudo aquilo que possa vir a ser constitutivo da natureza humana.

vendredi 2 septembre 2011

Talvez nada mude. Talvez tudo prossiga do mesmo modo. E eu, que tanto julgo e repudio a estagnação alheia...não sei o que faço para admitir a minha própria incapacidade de fruição interna. A verdade é que cansei de promessas falhas, de intenções duvidosas, de oscilações sentimentais. A verdade é que cansei de tudo que durante longo tempo almejei de modo insaciável.

Às vezes é preciso manter-se vazio...Porque preenchimentos densos nos tornam vulneráveis.
E eu só sei absorver densidade.



mardi 3 mai 2011

Faça-me o favor de se retirar de mim, pára de me perseguir em tudo que eu sou – porque eu vou sendo (esse fluxo é incontrolável e irreprimível)...e a cada segundo, a cada transpiração, a cada surgir de pensamento, a cada ato humano, a cada reação psicológica, a cada emoção estimulada, a cada sentir-se viva eu me sinto impregnada de tudo que vivemos, de tudo que ainda resta de você em mim.

Então eu sinto a necessidade premente de selecionar toda essa “impureza” e varrer pro canto: pra além do que eu sou a cada dia, pra longe, pra fora do meu alcance, pro nada – porque eu quero que isso se equipare ao nada, se perca, se desintegre como uma partícula que sofre mutações, transformando-se em novo elemento (sua radioatividade já me contaminou demasiadamente, ou a minha, não sei ao certo – estão tão misturadas que eu me perdi em você e guardo uns vestígios seus que talvez lhe façam alguma falta). E talvez esse tenha sido o nosso maior erro, o erro originário: permitimos perdemo-nos na nossa intersecção não só identificatória, mas no mais profundo da nossa humanidade, no cerne de toda paixão e no mais intenso de todo amor. E nesse exato momento e nos anteriores e nos próximos eu me mantenho imersa nesse refúgio que antes confortava e transbordava de plenitude todos os meus sinais vitais, mas agora me decepa fatalmente de forma crua e seca e fria.

A verdade é que não sei como proceder pra estabelecer essa cisão inevitável sem cometer um suicídio emocional que me proporcione seqüelas e traumas irreparáveis. A verdade é que já pensei tanto no mar de possibilidades de ações futuras que não suporto mais qualquer esperança de “solução”, porque eu não quero assumir a realidade dolorosa: não há solução. Não há mais caminhos para nós. E as ramificações imperfeitas que nos separam cada vez mais insistem em desaguar em lugares análogos àqueles presentes no nosso passado (o passado, ao menos, é todo nosso) – ou não. Talvez seja só ilusão. Talvez eu esteja enlouquecendo. Talvez minhas divagações tenham me impulsionado a crer nisso tudo (porque enquanto eu escrevo, creio fielmente em cada vírgula expelida).

A minha loucura é por você. O meu amor é todo pra você. O meu desejo vive em função da sua existência. Mas a minha vontade - o meu querer­ - finalmente sintonizou-se com a atual necessidade: te repelir completamente. Mas não é simples (é mesmo como uma cirurgia decisiva, que envolve riscos mortais: para se livrar, por exemplo, de um câncer por vezes perde-se força e adquire-se certa fraqueza). Mas acontece que se eu manter isso dentro de mim, eu sucumbo. Não tenho opção, como já te disse.

Vou arrancar todos os vestígios seus de dentro de mim, não importa o quão prejudicial as conseqüências serão. Nada mais importa. Entre ruir impregnada desse “veneno” e falecer puramente naquilo que eu sou (sem interferências, sem impurezas, sem traços alheios), eu prefiro a segunda opção.

Preciso me livrar desse vício, e assumir isso é considerar a possibilidade da existência das futuras crises de abstinência. Mas é preciso abster-me de você, antes que eu me abstenha de mim mesma e me perca por definitivo nesse abismo sentimental que eu permito que me consuma até a última gota de vitalidade.

mardi 12 avril 2011

ah, meu amor.
amor que as múltiplas circunstâncias consequentes de imaturidade e fome de mundo insistiram em desgastar...
amor que estraçalhou e foi estraçalhado.
amor que cansou e foi cansado.
amor sem censura, sem pudor, ingênuo.
amor que ignorou perigos e saltou de abismos sem receio de sucumbir.
amor que eu respiro.
amor que eu sou.
amor que eu vivo.
amor que eu piso.
amor que eu dependo.
amor que eu repudio e amo e desprezo e gozo e preciso e uso e faz ruir toda minha racionalidade.
amor que me faz insana e humana.
amor que me adentra e se aloja e se fixa e me inunda: amor que transborda e me devora relutantemente.
amor que me consome, me esgota e me traga até o último vestígio de vitalidade.



amor...infinito (e no momento inabitado)

lundi 28 février 2011

That I would be good even if I did nothing
That I would be good even if I got the thumbs down
That I would be good if I got and stayed sick
That I would be good even if I gained ten pounds

That I would be fine even if I went bankrupt
That I would be good if I lost my hair and my youth
That I would be great if I was no longer queen
That I would be grand if I was not all knowing

That I would be loved even when I numb myself
That I would be good even when I am overwhelmed
That I would be loved even when I was fuming
That I would be good even if I was clinging

That I would be good even if I lost sanity
That I would be good whether with or without you



(Alanis Morissette - That I would be good)