Somos a espécie que possui maior diversidade. Somos a mais ampla, a mais extensa espécie que há. Não é fascinante? Somos tão frequentes e ao mesmo tempo raros. Somos escassos e constantes. A vida pode não ser imortal, mas é um privilégio infinito. Faz-se altamente delicada, inexata, inconseqüente e ingenuamente. Tão inocente... E repentinamente torna-se perigosa e hostil, traiçoeira. Não se pode confiar. Não se pode confiar na própria vida: ela trai sem nem sentir o “erro”.
Às vezes tão sensível que é capaz de deduzir e decifrar ventos, gostos e sensações de maneira sutil e satisfatória. Às vezes tão insensível que é incapaz de sentir seu fim. A vida é realmente incrível. Vive em contradição infinita consigo mesma. Pode ser eterna enquanto se perpetua. E pode nunca ter existido: dá-se perfeitamente para possuir uma vida e jamais usá-la de fato. É um mistério que para ser desvendado talvez seja necessário viver inúmeras vezes e mesmo assim, nunca é garantia a certeza do íntimo desse mistério. Ele é visivelmente abstrato e invisivelmente concreto.
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