É tão fácil se acostumar à vida e ser conformista. É tão mais simples fingir que não há mistério, que nada do que os sábios dizem é sério. Tão simples viver sem sentir. A frieza não dói.
Meu coração pulsa latejante, e eu não entendo o seu porquê.
Porque bate, o que procura, o que lhe falta, o que lhe machuca, o que ele clama.
As futuras batidas são tão inevitáveis, e acho que isso talvez o incomode.
As batidas sôfregas, doentes, lentas, rápidas, descompassadas. Desaprenderam o ritmo da vida. Desaprenderam o ritmo do fluxo do sangue, do fluxo das horas, das lágrimas. Tantas horas, lágrimas e sangue escorrido...Ele acabou se perdendo nesse vulcão de acontecimentos ao seu redor, ou no seu interior.
Eu não sei de que sou feita. Saber de quem nasci, para mim não significa nada.
As vezes me sinto apenas tristeza. Sou a senhora tristeza em pessoa.
Mas também sou mistura de insatisfação, angústia, melancolia... estou numa ilha e certos sentimentos me cercam. E não há saída. Por isso minhas atitudes são justificáveis, e sinceramente, se não fossem, eu não me preocuparia em perder tempo tentando me explicar.
Se existe alguém a quem devo me explicar, essa pessoa sou eu mesma.
E mesmo assim, nem isso consigo fazer, nem disso sou capaz.
As vezes sinto-me humana, acima de tudo. E isso me faz ser altamente sensível. Talvez eu seja humana demais. Humana em excesso. Mas tudo comigo é assim: ou em excesso constante e freqüente ou muito forte e altamente passageiro.
Minhas crises existenciais andam me matando. E já não dói mais. A vida já não me dói mais. Espero que a morte não seja cruel – não tanto quanto a vida já foi pra mim um dia.
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