Será que alguma coisa ainda resta
Alguma gota, algum pingo que talvez pudesse ser
A conseqüência dessa festa
Que os homens fazem do mundo
Tanta bebida
Tanta comida
Tanto prazer
Tanta satisfação
Não valeu a pena, garanto que não
Pois se em tudo isso
A humanidade não conseguiu se redimir
Não vai ser agora, no fim de tudo
Que conseguirão partir em paz.
Em todo lugar tem guerra
Em todo lugar tem ódio
Será possível que ninguém mais enxerga
Que a solução nunca foi gerar mais desordem?
Pelos céus, por deus, por qualquer crença que seja
Ninguém respeita mais nada
Então, de que adianta se curvar diante de maiores poderes
Freqüentar purgatórios, igrejas
Se nem os próprios poderes são reconhecidos?
Não faz sentido, não faz o menor sentido.
Viver assim, nessa inércia infinita
Ficar desse jeito, acreditar em outros
Mas não crer em si próprio
Que mundo é esse?
De tantas vantagens, tantos interesses
Que o interesse principal que devia ser buscado por todos
Evapora num movimentar de ondas
Evapora numa oportunidade insensata
De fazer do planeta, de fazer do abrigo
Um motivo de desistência, uma justificativa para os indesejados gritos.
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